Nos últimos anos, o tema cirurgia para mudar a cor dos olhos voltou a ganhar destaque após celebridades como Andressa Urach e Maíra Massafera realizarem o procedimento.
Mas afinal, que tipo de cirurgia é essa? É segura? É reversível?
Neste artigo, explico de forma detalhada o que realmente acontece durante esse tipo de intervenção e quais são os riscos envolvidos.
A estrutura que define a cor dos olhos
A cor natural dos olhos é determinada por uma estrutura chamada íris, localizada na parte interna do olho.
Em condições normais, a íris fica atrás da córnea, que é uma camada transparente situada na parte mais externa do globo ocular.
A córnea não tem cor — ela funciona como uma “janela” que permite enxergarmos a íris e, consequentemente, a cor natural dos olhos.
Compreender essa anatomia é essencial para entender como funciona a cirurgia que muda a cor dos olhos.
Como funciona a cirurgia feita por Andressa Urach e Maíra Massafera
O procedimento realizado por essas influenciadoras não é feito na íris, mas sim na córnea.
Nessa técnica, o cirurgião utiliza um laser de femtosegundo (Femtosecond Laser) para confeccionar um túnel circular na periferia da córnea.
É nesse túnel que é inserido o pigmento da tatuagem, responsável por alterar a cor aparente dos olhos.
Na prática, o pigmento cria uma espécie de “máscara colorida” sobre a córnea, ocultando a cor original da íris que está por baixo.
O resultado é um olho com nova coloração, de forma permanente.
Anestesia e recuperação
A anestesia utilizada é semelhante à aplicada em cirurgias refrativas a laser, como o LASIK.
São utilizadas gotas anestésicas nos olhos e, em alguns casos, uma sedação leve, para deixar o paciente mais tranquilo — mas sem dormir durante o procedimento.
A recuperação costuma ser rápida, porém os cuidados pós-operatórios precisam ser rigorosos, especialmente para evitar infecções.
O principal alerta: o procedimento é irreversível
A tatuagem de córnea é um procedimento irreversível.
Em teoria, seria possível tentar reverter por meio de um transplante de córnea, mas esse processo é extremamente arriscado e complexo.
Entre os principais riscos do transplante estão:
- Infecção ocular
- Rejeição do tecido transplantado
- Falência do enxerto
- Comprometimento permanente da visão
Por isso, a reversão não é recomendada para fins estéticos.
Outros tipos de cirurgia para mudar a cor dos olhos
Além da tatuagem na córnea, existem duas outras técnicas cirúrgicas com o mesmo propósito:
- Laser na íris — Utiliza um laser específico para remover parte do pigmento natural da íris, clareando os olhos.
- Implante de íris artificial — Consiste em inserir uma prótese colorida dentro do olho, sobre a íris natural.
Essas técnicas também envolvem riscos e, no Brasil, não são permitidas para fins estéticos.
A legislação brasileira
Embora o Brasil possua toda a tecnologia necessária para realizar a tatuagem de córnea, como o laser de femtosegundo e os pigmentos adequados, a legislação brasileira proíbe qualquer procedimento desse tipo em olhos com visão normal.
Essas técnicas são autorizadas apenas em olhos cegos, geralmente com o objetivo de melhorar a aparência estética do olho afetado.
Riscos do procedimento estético
Entre os riscos associados à tatuagem de córnea para mudar a cor dos olhos, estão:
- Infecção ocular
- Alteração do grau dos óculos, devido à mudança na curvatura da córnea
- Restrição do campo de visão, especialmente se a pupila artificial for muito pequena
- Arrependimento com a cor escolhida, já que o procedimento não pode ser desfeito
Com o avanço das técnicas, o tamanho da pupila artificial tem sido ajustado, reduzindo parte das limitações visuais observadas nos primeiros casos. Ainda assim, os riscos continuam significativos.
Onde a cirurgia é realizada
Países como França, Suíça, Estados Unidos, Panamá e Turquia permitem a realização desse tipo de cirurgia para fins estéticos.
Foi na França que a Andressa Urach realizou o procedimento.
A alternativa mais segura
Sem dúvida, a forma mais segura e acessível de mudar a cor dos olhos continua sendo o uso de lentes de contato coloridas.
Elas permitem experimentar diferentes tons sem comprometer a saúde ocular e sem riscos permanentes.
Conclusão
A cirurgia para mudar a cor dos olhos é um tema que desperta curiosidade, mas também exige cautela e responsabilidade.
Embora o avanço tecnológico permita alterar a aparência dos olhos de forma permanente, os riscos e limitações são consideráveis.
Antes de qualquer decisão, é essencial conversar com um oftalmologista especializado e compreender todos os impactos visuais e de saúde que esse tipo de intervenção pode causar.


