Córnea fina e cirurgia refrativa: o que fazer nesses casos?

Se você saiu do consultório oftalmológico e recebeu a notícia de que tem córnea fina — e que por isso sua cirurgia refrativa foi contraindicada —, não se desespere.
Existem sim alternativas seguras e eficazes para corrigir o grau, mesmo com essa limitação.
Neste artigo, o Dr. Délio Evangelista explica tudo o que você precisa saber sobre as opções disponíveis.


Por que a córnea fina é uma limitação para a cirurgia refrativa?

A córnea é a estrutura transparente que fica na parte da frente do olho.
Durante uma cirurgia refrativa tradicional (a laser), parte dessa estrutura é remodelada — e isso diminui sua espessura.

Se a córnea já é fina antes da cirurgia, afiná-la ainda mais pode gerar uma complicação chamada ectasia, que é uma fragilidade da córnea.
Nesse caso, a córnea se torna instável, afinando e se curvando de forma descontrolada — o que pode causar um “ceratocone induzido”, ou seja, uma deformação semelhante ao ceratocone natural.


E se eu já tiver ceratocone?

Mesmo que a córnea seja grossa, pacientes com ceratocone não podem fazer cirurgia refrativa a laser, pois o procedimento pode acelerar a progressão da doença.
Por isso, o diagnóstico preciso e o exame pré-operatório detalhado são fundamentais antes de qualquer cirurgia ocular.


Alternativas de cirurgia para quem tem córnea fina

A boa notícia é que a córnea fina nem sempre impede a cirurgia refrativa.
Existem técnicas específicas, seguras e indicadas conforme o grau, a força e a regularidade da córnea.
Veja abaixo as principais opções:


1. PRK (ceratotomia fotorrefrativa)

Indicado para: pacientes com até 5 graus de miopia e córnea fina, porém forte
O PRK é uma técnica mais superficial: o laser atua na camada mais externa da córnea, sem aprofundar muito, o que reduz o risco em casos de córnea fina.

👉 Por isso, é preferível ao SMILE ou LASIK, que atuam em camadas mais profundas.
Se você tem córnea fina, mas saudável, o PRK é uma excelente alternativa.


2. PRK + Anel de Alta Miopia (HM)

Indicado para: pacientes com 5 a 10 graus de miopia e córnea fina e forte
Nessa técnica, o procedimento ocorre em duas etapas:

  1. Implanta-se um anel intraestromal (chamado HM, de High Myopia), que reduz parcialmente o grau;
  2. Após cerca de 6 meses, é realizado o PRK para zerar o grau residual.

Essa combinação oferece bons resultados, mas não deve ser feita em córneas frágeis, pois há um pequeno afinamento.


3. Implante de Lente Fácica

Indicado para: pacientes jovens, com 6 a 25 graus de miopia, e córnea fina (forte ou fraca)
Nesse caso, uma lente é implantada atrás da íris, sem remover o cristalino natural do olho.

👉 O grande diferencial é que a córnea não é afinada em nada — ideal para quem tem córnea fina e quer uma opção segura e reversível.
Essa lente corrige a visão de forma semelhante à cirurgia refrativa, mas sem alterar a estrutura da córnea.


4. Implante de Lente Pseudofácica

Indicado para: pacientes com idade avançada e córnea fina (forte ou fraca)
Aqui, o procedimento é semelhante à cirurgia de catarata:

  • O cristalino é removido;
  • Uma lente intraocular moderna é implantada no seu lugar.

Essa técnica é ideal para quem já não tem função no cristalino (algo natural com o envelhecimento).
Assim como na lente fácica, a córnea não é afinada, o que garante mais segurança.


5. Combinação: Lente Fácica + PRK

Indicado para: pacientes com miopia muito alta (acima de 25 graus) e córnea forte
Nessa técnica combinada, a lente fácica reduz grande parte do grau, e o PRK corrige o restante.
O procedimento é eficaz até cerca de 30 graus de miopia, mas exige uma córnea resistente, já que o PRK causa leve afinamento.


Conclusão

Ter córnea fina não significa que você nunca poderá fazer cirurgia refrativa.
Com o avanço das técnicas e da tecnologia, hoje existem múltiplas opções seguras, adaptadas ao seu tipo de córnea, idade e grau.

👁️ O segredo está em realizar exames completos e contar com um médico experiente, que indique a técnica ideal para o seu caso.

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Dr. Délio Evangelista

Dr. Délio Evangelista

Sócio-fundador da Neo Oftalmologia.
Graduação em Medicina - Universidade Federal de Sergipe;
Residência Médica em Oftalmologia - Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp;
Catarata e Ultrassonografia Ocular - Instituto Suel Abujamra;
Fellow (subespecialização) em Retina Vítreo.

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