Uma das dúvidas mais comuns entre os pacientes que realizam cirurgia refrativa é:
“O grau pode voltar depois da cirurgia?”
A resposta é que, embora a grande maioria dos pacientes mantenha os resultados para sempre, uma pequena parcela pode apresentar regressão, ou seja, o retorno parcial do grau.
Neste artigo, explico de forma detalhada por que isso acontece, quem tem mais risco e como evitar que o grau volte após a cirurgia.
O que é a regressão após a cirurgia refrativa?
O termo técnico usado para o retorno parcial do grau após a cirurgia é regressão.
Um estudo científico realizado na China, em 2019, analisou 700 olhos operados entre 2016 e 2018.
Os resultados mostraram que 8% desses olhos apresentaram algum grau de regressão, enquanto 92% mantiveram o resultado definitivo.
Em resumo:
- Para a maioria dos pacientes (92%), a cirurgia refrativa é definitiva.
- Para 8% dos casos, ocorre um leve retorno do grau, mas nunca na mesma intensidade de antes da cirurgia.
Por exemplo:
Um paciente que tinha 8 graus de miopia antes da cirurgia pode voltar a ter 0,5 ou 1 grau, mas dificilmente retornará ao valor original.
Principais causas do retorno do grau
Existem dois mecanismos principais que explicam por que o grau pode voltar após a cirurgia refrativa:
1. Crescimento do olho após a cirurgia
A miopia é causada por um olho mais alongado do que o normal.
Se o globo ocular continuar crescendo depois da cirurgia — o que pode ocorrer em pacientes muito jovens —, o grau tende a voltar parcialmente.
É importante destacar que a cirurgia refrativa não impede o crescimento do olho.
Por isso, é fundamental operar apenas quando o grau já estiver estável.
2. Remodelamento da córnea
Esse fenômeno é mais comum em pacientes com hipermetropia.
Após a cirurgia, o organismo pode tentar “corrigir” a nova forma da córnea, fazendo com que ela volte parcialmente ao formato original — e com isso, parte do grau retorna.
Fatores que aumentam o risco de regressão
Alguns fatores influenciam diretamente na chance de o grau voltar após a cirurgia refrativa. Os principais são:
- Idade do paciente
- Quanto mais jovem for o paciente, maior o risco de regressão.
- O motivo é que o olho ainda pode estar em crescimento, o que favorece o retorno do grau.
- Tipo de erro refrativo
- Pacientes com hipermetropia apresentam maior chance de regressão do que aqueles com miopia ou astigmatismo.
- Tipo de técnica cirúrgica
- Em pacientes hipermétropes, a técnica PRK está associada a uma maior chance de regressão.
- Já nas cirurgias para miopia e astigmatismo, o risco é semelhante entre PRK, LASIK e SMILE.
Como reduzir o risco de o grau voltar?
Existem medidas importantes que ajudam a garantir resultados mais duradouros após a cirurgia refrativa:
- Realizar a cirurgia somente após os 21 anos de idade
- Isso garante que o olho já completou seu desenvolvimento e o grau está estável.
- Acompanhar o crescimento do olho com exames regulares
- O exame de biometria ocular é fundamental para avaliar se o tamanho do olho se manteve o mesmo em relação ao ano anterior.
- Se o tamanho do olho e a receita dos óculos não mudaram, isso indica estabilidade.
- Escolher a técnica adequada ao seu caso
- Para quem tem hipermetropia, é preferível optar por técnicas LASIK ou SMILE, que reduzem o risco de regressão em comparação ao PRK.
E se o grau “voltou” depois dos 40 anos?
Muitos pacientes relatam precisar voltar a usar óculos para perto após os 40 anos, mesmo tendo feito cirurgia refrativa.
Na maioria dos casos, isso não significa regressão, e sim o surgimento da presbiopia, também conhecida como vista cansada.
A presbiopia ocorre porque, com o passar dos anos, o cristalino — a lente natural do olho — perde flexibilidade e capacidade de foco para perto.
Ou seja, a visão de longe continua boa, mas o paciente precisa de auxílio para leitura e atividades próximas.
Existem soluções cirúrgicas específicas para esse tipo de problema, como a cirurgia refrativa para presbiopia, que já abordei em outro artigo.
Conclusão
A regressão após a cirurgia refrativa é um fenômeno raro e, na maioria das vezes, ocorre de forma leve.
Com uma boa avaliação pré-operatória, escolha correta da técnica e acompanhamento médico regular, a probabilidade de o grau voltar é mínima.
Em resumo, 92% dos pacientes permanecem sem grau para sempre, enquanto apenas 8% podem apresentar um leve retorno, sem prejuízo significativo à visão.


