Quando é Necessário Fazer Cirurgia para Ceratocone?

Se você chegou até aqui, é porque quer entender melhor quando a cirurgia é realmente indicada para o ceratocone e quais são os tipos disponíveis. Neste artigo, você vai encontrar explicações claras e diretas sobre o momento certo de intervir e quais cirurgias podem ser realizadas em cada situação.

O que é o Ceratocone?

O ceratocone é uma doença que afeta a córnea – a parte transparente que cobre a parte da frente do olho. Nessa condição, as fibras de colágeno que formam a córnea se tornam frágeis, fazendo com que ela fique mais fina e adote um formato mais curvado e irregular, o que afeta a visão.

Quando Pensar em Cirurgia?

Existem seis fatores principais que os oftalmologistas avaliam para indicar a necessidade de cirurgia:

  1. Evolução do ceratocone
  2. Irregularidade da superfície da córnea
  3. Curvatura da córnea
  4. Espessura da córnea
  5. Qualidade da visão com óculos
  6. Presença de cicatrizes na córnea

A seguir, você vai entender melhor cada tipo de cirurgia e quando ela é indicada.


1. Cirurgia de Crosslinking (CXL)

Quando é indicada?

Essa cirurgia é indicada quando o ceratocone está em evolução. Ou seja, se nos exames sequenciais for detectado aumento da curvatura, diminuição da espessura da córnea ou piora da visão, é hora de considerar o Crosslinking.

Como funciona?

O Crosslinking fortalece as fibras de colágeno da córnea com o uso da riboflavina (vitamina B2) e radiação ultravioleta A, criando novas ligações entre as fibras. Isso “enrijece” a córnea, impedindo a progressão da doença.

⚠️ Importante: o Crosslinking não cura o ceratocone, mas estabiliza a doença. Graças a essa técnica, o número de transplantes de córnea por ceratocone caiu cerca de 90% nos últimos anos.


2. Implante de Anel Intracorneano

Quando é indicado?

Indicado para pacientes com:

  • Córnea muito curvada ou irregular
  • Baixa visão com óculos

Qual é a função do anel?

O anel é implantado dentro da córnea com o objetivo de melhorar a regularidade da sua superfície, permitindo melhor qualidade de visão com óculos ou possibilitando o uso de lentes de contato gelatinosas (mais confortáveis que as rígidas).

⚠️ Observação: muitos pacientes ainda precisarão usar lentes rígidas mesmo após o implante, mas em condições mais favoráveis.

Lente rígida ou cirurgia?

Em alguns casos, o uso de lentes de contato rígidas pode substituir a necessidade da cirurgia com anel, pois também ajudam a regularizar a córnea. Cada caso deve ser avaliado individualmente.


3. Transplante de Córnea

Quando é indicado?

É a última opção e indicada apenas em casos mais graves, como:

  • Córneas muito finas, que não suportam outras cirurgias
  • Cicatrizes causadas por crises de hidrópsia, que comprometem a visão mesmo com outras abordagens

O que é hidrópsia?

É uma complicação grave em que o líquido do interior do olho entra na córnea, provocando dor intensa e perda súbita da visão. Exige atendimento de urgência.

Como é feito o transplante?

Hoje, a técnica mais usada é o transplante lamelar anterior, que preserva as camadas internas da córnea, tornando o procedimento mais seguro e com menor risco de rejeição.


Cirurgias Combinadas

Em alguns casos, o oftalmologista pode indicar a combinação do Crosslinking com o Implante de Anel, realizadas no mesmo procedimento. Essa abordagem visa estabilizar a doença e melhorar a qualidade visual simultaneamente.


Conclusão

A cirurgia para ceratocone não é indicada para todos os pacientes. Ela depende da evolução da doença, das características da córnea e da qualidade da visão atual. Com os avanços da oftalmologia, hoje é possível intervir de maneira mais segura e personalizada, garantindo melhores resultados e evitando, na maioria dos casos, a necessidade de um transplante.

Se você tem ceratocone e quer entender qual é o melhor tratamento para o seu caso, procure um oftalmologista especialista em córnea.


Qual dessas três cirurgias você faria, se necessário?
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Dr. Délio Evangelista

Dr. Délio Evangelista

Sócio-fundador da Neo Oftalmologia.
Graduação em Medicina - Universidade Federal de Sergipe;
Residência Médica em Oftalmologia - Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp;
Catarata e Ultrassonografia Ocular - Instituto Suel Abujamra;
Fellow (subespecialização) em Retina Vítreo.

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